quarta-feira, março 25, 2009

ode ao sentir que se sente


Max Ernst, Alice in 1941




********************
porque sinto o que minto,
porque me ausento de mim para o que sinto,
porque me ausento de ti quando te sinto.
porque levo comigo o murmurar das tuas asas
presas a mim pelo grampo rubro de uma solidão sem fim…
porque elevo o olhar ao céu quando tremo
por ter comigo essa fina vestidura carmim que me ferra
e nunca hasteia, jamais,
porque terá de ser assim…
porque o que me cansa sentir faz de mim um escravo e ainda assim, escravizado, vivo um gozo incomensurado?

Sem comentários: