segunda-feira, janeiro 07, 2008

a Nosso Senhor





Se eu, com a minha lâmina de veludo, tentasse arrancar-te esses teus olhos, para com eles conceber meu pendente de peito, sempre presente, chegaria ao céu, ao pé de ti, oh altíssimo, e contigo construiria um caminho desavesso, mas seria esse o caminho que contigo, sem teus olhos, porque já eles foram derramados no pendente do meu peito, percorreria aos brados, feitos com a minha voz de veludo, tentando cantar os sons que de minha boca não sairiam, porque a minha voz e a tua, que são uma voz junta, gritariam num mesmo silvo de céus ardentes que só os anjos, com seus cabelos brandos, apreenderiam. Se eu, com a minha lâmina de veludo, tentasse remoldar-me na vida, para com ela, toda nova e toda sã, conceber-me em pendentes de peito, sempre presentes, chegaria ao céu, ao teu largo, altíssimo, e contigo conviveria sem voz, porque as orações que proferiríamos, de tão iguais, se confundiriam. E essa minha mão de veludo te cercaria, e o mundo inteiro se verteria em nada, porque nele jamais me perderia.

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